“Aquilo parecia o outro mundo”

Em Lisboa, também se estava bem. Mas, quando lá fui a primeira vez, Jesus! Aquilo parecia o outro mundo! Ainda me lembro que a minha mãe me levou ao colo e o meu pai tinha medo de passar no barco, na prancha. Via tanta água “pia além” e aquilo ali a dançar. Dizia:

- “Ah, vou cair!”

Não saltou para o lado de lá. A minha mãe, comigo ao colo, saltou. Ele não conseguiu. Chegou a hora de partir o barco, ala embora! Ficou do lado de cá. Depois o meu avô chegou ao outro lado, ele não ia lá. Tornou a voltar e depois lá puxou pela mão, lá o levou. Pronto, era como eu. Nunca tinha ido a uma coisa daquelas e ele logo disse:

- “Não, isto é uma coisa do outro mundo!”

Mas o meu pai foi e subiu ao Cristo Rei comigo! Eu já estive no fundo dos pés do Cristo Rei! E foi ele que me levou ao colo. A minha mãe, essa, teve medo de subir lá para o Cristo Rei e não teve medo para saltar no barco. E ele teve medo de saltar no barco e não teve medo de ir ao Cristo Rei.

Eu pensei que Lisboa era outra coisa diferente. Mas é como agora. Há sempre a diferença de mudanças. De como é os prédios de antigamente para agora, acha-se muita diferença. Só que nos primeiros dias, com o barulho dos carros, pelo menos na casa de um cunhado meu que tenho em Loures, é pior. Ui! É noites em claro que eu passo lá. Mas depois, em estando lá dois ou três dias, já me habituo ao barulho, já durmo bem. Mas em Sintra, nos meus primos, que fui lá passar este ano o Natal, é como seja aqui. É lá no alto da serra, em frente ao Palácio da Pena. Aquilo ali é impecável.