“Em Lisboa não batiam”

Em Lisboa era diferente. Tínhamos que dar respostas e a professora fazia com que a gente aprendesse. Mas bater lá nunca nos bateu. Não, lá em Lisboa não batiam. Já não me recordo bem dela. Sei que era uma mulher assim de meia-idade. Era boa pessoa, só que nem sei o nome dela. E os colegas lá também eram espectaculares. Era uma escola de 40 pessoas. No Piódão, também ainda chegámos a andar uns 20 e tal alunos. Mas em Lisboa era uma escola enorme. Era diferente, porque aqui a gente era tudo conhecido da zona do Piódão, do Chãs d'Égua, da Foz d'Égua e das Quintas. Mas íamos lá à escola em Lisboa e aquilo juntava muita gente. Eu, o primeiro dia que lá fui, ia para ali todo encolhido. As minhas primas é que lá andavam e eu fui à beira delas. Elas chegaram lá:

- “Olha, tu ficas aí nessa carteira. - Com o meu colega, éramos dois em cada carteira - Olha, agora desenrasca-te!”

E eu lá estive... Ainda me lembro bem a primeira lição que lá dei! Era sobre a lua! É verdade. Essa ainda nunca me esqueceu. Pronto, ensinavam quantas fases tinha a lua, como é que ela se ia diminuindo, depois como ia crescendo, como é que quando vinha nuvens aquilo escurecia, não sei que meses e não sei que mais. Depois tínhamos de fazer um verbo sobre aquilo. Tínhamos que dizer que, conforme as nuvens vinham, aquilo que era um espelho que tapava a luz e assim sucessivamente. Agora, o resto é que já não me recorda, mas sei que foi por causa da lua a primeira lição que eu tive em Lisboa.