“O Natal era para toda a gente”

O Natal era muito bonito. Era um presépio, mas sempre lá na igreja do Piódão. Era de musgos e muito enfeitadinho. Já morreram as pessoas que o faziam. Eram muito religiosas. Já tinham electricidade e aquilo acendia-se e apagava-se. Também se fazia em Chãs d'Égua, mas no Piódão era mais bonito. Lá havia a missa, era mais bonito que aqui. Em Chãs d'Égua fazia-se era uma fogueira com uns cepos grandes de castanheiro. De noite, era a malta toda a assarem coisas nas brasas. Ali comia-se de tudo!

Na rua, o Natal era para toda a gente. Quando tínhamos família, também era em casa, mas íamos lá sempre ver. Nessa altura, havia sempre arroz-doce, tigeladas e mais coisas a acompanhar. Agora, vamos comer muita vez em casa do meu filho. É sempre em casa dele que a gente lá vai. Nós aqui fazemos a couvada de bacalhau. Era toda a noite bacalhau com muito azeite. Quer que a gente lá vá passar o Natal ao pé dele e, pronto, assim vamos. As prendas antigamente era só uns bolitos, uma coisa qualquer.