“Era um vinho que Jesus!”

A gente fazia muito vinho. As vindimas também fazíamos. Onde havia mais vinhas era em volta da casa. Era proximozinho. O vinho ficava em baixo, onde se chamava a loja. No fim de estar cozido, no que se chamava umas dornas, ali se fabricava. A gente tirava de lá para os vasilhos, para os pipos. Enquanto estava a ferver, calcava-se para ir abaixo.

Agora ardeu muita videira e a gente tem pouco vinho, mas ainda há. É poucochinho para comparação àquela altura. Naquela altura, aquilo era um vinho que Jesus! A gente tinha para nós e vendia-se. Ainda tenho aí materiais. A gente puxa a coisa da dorna, deita para lá as uvas e depois fica até a dorna encher. Era vinho tinto e vinho branco. O branco deitava-se separado do tinto e o tinto separado do branco. Deixa-se ferver até estar cozido. Agora com a roldana nem é preciso lá mexer nada com as mãos. No fim de estar cozido é que vai para as vasilhas. Daí já fica para todo o ano.

As vindimas fazia-se com o pessoal da casa. Às vezes, havia pessoas que ainda vinham ajudar. Tinham pouca vindima, faziam aquilo rápido e vinham ajudar. A gente não pagava nada. Não era preciso pagar.