“Não há famílias hoje tão amigas como elas eram”

A minha mãe viveu numa casita que era do lado do meu pai, com a gente. Mas ela também era uma mulher doente. Quando se achava doente vinha para o pé da mãe dela, da minha avó, que vivia mais abaixo. E lá ia vivendo. Tinha boa família e ajudavam. Cada um vivia na sua casa, mas pronto, a minha mãe era pobre. Tinha uns bocaditos, mas não era isso que chegava para ela se governar. Lá ia ajudar a esta ou àquela e a família dava-lhe. Tinha uma irmã que não tinha filhos e ajudou-nos a criar.

Ai coitadinha! A minha mãe foi assim. Era boa mulher. Não há melhor hoje. É a realidade. Tanto ela como as irmãs. Não há famílias hoje tão amigas como elas eram. Coziam a broa juntas, tinham o gado numa fazenda, uma mudava-as para a outra fazenda, a outra também as mudava, porque ia com ela, para o mesmo sítio. Era assim, eram muito amigas, não era como agora. Têm ciúmes uns dos outros...