“Até um gajo se punha preto com o fumo”

Nessa altura, não tínhamos luz. Para alumiar, tínhamos candeeiros a petróleo. Ainda os tenho ali. Não me desfiz deles. Agora, não servem para nada. E ainda bem! A gente está habituada à luz. Se faltar aí um dia, a gente já não sabe o que faz. Naquele tempo, não estranhávamos. Não tínhamos luz. Apagava-se o candeeiro, não havia mais nada. Também usávamos as pinhas dos pinheiros. Acendiam-nas, um segurava e o outro comia. Ao fim, trocavam.

Para aquecer, era a lenha na fogueira, na lareira. Não havia outra forma. Era melhor que os aquecedores. A gente aquecia-se melhor. Os aquecedores só fazem mal. Aquilo, não. Até um gajo se punha preto com o fumo à noite. A lenha molhada botava fumo. Um gajo, às vezes, até ficava negro! As casas antigas, onde havia lareiras, não tinham chaminés. Naquele tempo, não havia. Ao fim de uns anos, as madeiras lá por dentro estavam envernizadas. Envernizadas, mas era de verniz negro! Ficaram todas pretas. Agora, já é tudo moderno, já está tudo bem. Ainda bem que é assim.