Juventude Agrária Católica

Poucas tradições cá há. Dantes havia aquela reunião de raparigas. Muitas vezes tinham mais aquele desejo de cantar cânticos religiosos e tudo. Agora quase nunca se ouve nada. Tínhamos antes também a JAC, formada cá na freguesia. E nós, as raparigas, tínhamos uma reunião todos os meses. Viviam assim naquela orientação, coisa que agora não. Por exemplo, vêm os jovens de Lisboa. Cada um vive em sua localidade. Vêm para aqui, são capazes de não entrar na capela, nem o dia da festa, enquanto no outro tempo todas fazíamos quase as mesmas coisas. Agora não. Eles é só os jogos. Fizeram uma casa só para os jogos. De dia dormem e de noite é que passeiam por aí. Está diferente do que era a juventude no outro tempo. A JAC é a Juventude Agrária Católica Feminina. Mas nós dizíamos a “juventude” ou a “acção católica”. Havia a JAC, a JEC, a JUC e JOC. Juventude Operária Católica. A JUC era a Universitária. Agrária era do campo e havia a JEC que era Escolar, das professoras. Assim como hoje. Havia cá algumas raparigas que pertenciam aos zeladores que era do Apostolado da Oração. Outras éramos da “acção católica”. As meninas quando saíam da Cruzada entravam logo para benjaminas. As benjaminas eram as meninas de 12 anos. Tinham uma blusa branca e saia azul. As militantes da JAC tinham a blusa também azul e a saia também azul. Nós tínhamos um jornal que recebíamos da Direcção Diocesana. Então, andavam sempre naquela orientaçãozinha de umas para as outras. Vivíamos assim em paz. Tínhamos brincadeiras. Tínhamos uma bola para jogar. Não eram jogos como hoje há. Tem coisas melhor hoje mas também tem outras coisas piores. Tínhamos jogos, bordados. Tínhamos assim muitas coisas. Íamos vivendo assim. Depois tínhamos aquela reunião todos os meses. Era quando recebíamos também orientações. Tínhamos reuniões também das dirigentes diocesanas. Íamos ao Vale de Maceira. Chegáramos a ir a Coimbra também. Cada uma morava em sua casa. Mas tinham cá mesmo assim umas raparigas que as orientavam. Chamavam, uma era madrinha das benjaminas, outra era responsável do jornal. Andavam sob orientação das mais velhas. Às vezes, temos um encontro em Fátima, onde vamos ver professoras que estiveram por aqui. Elas dizem que nós é que servíamos de guias a elas. Porque até uma Judite, dizia que devia a orientação da vida dela a estas aqui do Piódão e de Chãs d'Égua. Porque ela esteve mesmo no Piódão a dar aulas. Tínhamos outra que era uma Irene Abegão. Escrevia-nos da Marinha Grande. Outra do Hospital da Universidade de Coimbra. E havia uma Olga que estava aí, dos lados da Pampilhosa. Estava lá numa escola. Agora chegámos a vê-las lá todas. Já senhoras de 70 anos. Vem ali gente àquele encontro de todo o Portugal. Até de Bragança lá estavam. Do Porto. Dos lados de Évora. Aí umas 50 senhoras que ali estão. Mas mais delas eram professoras. Nós aqui também temos ido. Vai uma irmã da Arminda que está em Lisboa e vai outra rapariga que é Maria Fontinha também está na Costa da Caparica. Deixa o marido e os filhos, tem dois rapazes já há mais de 20 anos, deixa-os todos três e vai lá também. Este ano passado não fui. Não andava assim muito boa. A senhora que é do doutor Vaz Pato diz que me andou a telefonar para cá muitas vezes e eu não atendia o telefone. O telefone está na minha casa e eu, às vezes, ouvia tocar mas quando lá chegava já tinha parado. Então, ela foi muito preocupada. Que perguntou às senhoras que são daqui, que é que foi feito da Ana, que nunca mais me encontrava em casa. Ainda fui lá umas três vezes mas não sei se já lá vou.