Costurar à luz do candeeiro

A luz era só petróleo. Não me lembra assim haver a candeia de azeite, era mais o petróleo. Mas eu cheguei a fazer muitas coisas, peças de roupa, de noite com o candeeiro. Primeiro era um candeeiro mais pequenino. Depois já era um candeeiro com uma chaminé.

Quando eu já tinha 31 anos, convidaram-me para um casamento. Foi na véspera que me convidaram. Eu tinha lá uma blusa. Era um pano muito bom. Pensei fazê-la ainda aquela noite. Fui avisada às nove horas, às 11 horas comecei a fazer a blusa, às três horas estava pronta. Porque, naquela altura, estava habituada. Fazia muito depressa. Fiz a blusa naquela noite e depois, ao outro dia, fui ao casamento.

Fiz muitas peças de noite. Tinha é que dormir um bocadinho. Só que fosse cinco minutos. Se eu dormisse cinco minutos, aguentava a noite. A minha mãe até dizia assim:

- “Tu já sabes como és, descansa um bocadinho.”

Depois já podia aguentar a noite. Fazia saias e aventais. Fazia para mim e para os outros. Fiz aí muita roupa para as outras pessoas.