A casa da minha mãe

A casa da minha mãe agora é da minha irmã. Mas já a arranjou. Tinha apenas três quartos. Mas tinha uma sala grande no primeiro andar. Por cima era uma casa mais pequena e a cozinha. Tinha um sótão com um caniço para secar as castanhas. Era para pôr as castanhas a enxugar porque vinham dos castanheiros ainda molhadas. Ainda cá conheci cozinhas fundas. Conheci aquelas tábuas por cima onde se sentavam. A nossa não. Tinha uma tábua grande, muito forte. Sentavam-se quase todos naquela tábua. Nós chegámos a ser dez pessoas, porque havia a minha avó. Tínhamos uma mesa que se encostava para cima. Depois, quando se desandava tinha as quatro pernas, lá cabíamos todos. Nesse tempo, não tínhamos fogão. Mais tarde já tínhamos um fogão de ferro. Mas antes não. Era só o comer feito na lareira. Tínhamos que ir buscar muita lenha para queimar.

Depois do jantar, rezava-se o Terço. Isso era sempre. Costumava-se rezar uns Pais Nossos logo a seguir ao comer. Era pela alma dos nossos.