O Terço às cinco e meia

Para rezar o Terço, já há muito tempo que tem sido às cinco e meia. Porque para ir no Inverno, já era muito noite e aqui somos poucas. À minha prima, a senhora Ana, um dia disse assim:

- “Olhe, prima, nós vimos fazer o Terço um bocadinho mais cedo porque eu de lá de cima para baixo tenho medo de vir sozinha. E então, em estando em casa, pronto, já não tenho medo.”

Ela então deu em fazer mais cedo e eu vou. Quando posso ir vou, quando não posso ir não vou. Depois já venho mais cedo para casa. Agora, já há muitos anos para cá, é esta senhora que está a tomar conta. Ela agora foi a Lisboa. Até nem disse para fazer o Terço, disse para eu tomar conta da capela até ela vir, que às vezes pudesse vir alguma trovoada e faltar a luz e o Santíssimo ao fim não tinha luz. Eu até tomei conta da chave até ela vir.

Os santos que estão na capela de Chãs d'Égua é o São João Baptista, o Santíssimo, a Senhora de Fátima, o Coração de Jesus, a Senhora das Febres e Santa Bárbara. E agora às cinco e meia continuo a ir fazer o Terço. Se as pessoas forem, continuo até ela vir. Se não forem, fecho a capela, pronto. Antigamente eram umas senhoras que faziam o Terço, mas também já faleceram, mas não iam lá todos os dias. Só começáramos lá ir todos os dias quando para cá veio o Santíssimo. Mas não íamos para lá todos os dias, que eu me lembre não.