“Uma autêntica dona de casa”

Quando a minha mãe faleceu, eu tinha uma irmã com 16 anos. Então ela é que ficou a tomar conta da casa. E tinha uma avó que a orientava. A minha irmã com 16 anos era uma autêntica dona de casa. Ela administrava o dinheiro, que era pouco, mas era o dinheiro que o meu pai mandava. Se precisávamos de uns sapatos, ela:

- “Sapatos, tu agora só vais levar uns sapatos daqui a tantos meses.”

Era quando houvesse. Agora vai para aquele, e depois era para outro. Nós éramos cinco irmãos e não havia possibilidade em haver sapatos para todos. Portanto, os mais pequenos eram os que andavam sempre pior. Só a partir dos 5, 6 anos é que eu comecei realmente a ter calçado. Ela era uma grande administradora. Ela é que aprendeu a fazer o queijo, a fazer a broa, a fazer os enchidos. Ela era uma autêntica dona de casa, aquela rapariga.