À volta do cepo

No Natal fazia-se uma grande fogueira, com um cepo grande. A malta, naquela altura, tinha muita força e trazia um cepo. No largo junto à taberna punham o cepo a arder durante dois dias. Depois punha-se outra lenha. Naquela altura, toda a gente matava o porco, em Chãs d'Égua. Então iam à casa das pessoas e:

-“Vá dá cá um chouriço!”

Outro:

-“Dá cá um bocadinho de carne!”

Outro:

-“Dá cá uma cebola!”

Coziam tudo numa panelona, numa panela grande. Depois as pessoas tinham vinho, alguns mais do que outros. Então:

-“Dá cá 5 litros de vinho!” ou “Dá cá 1 litro de vinho!”

Juntava-se ali toda a gente a comer. Chouriço, carne, era o que havia. Bebiam o vinho. Havia pão, broa, naquela altura era broa. E era assim o Natal. Hoje as pessoas não vêm para Chãs d'Égua porque é uma época de muito frio. Então já não cumprem a tradição. Vem um ou dois, mas normalmente o Natal é passado com a família. Passa-se em casa. Mas antigamente era assim. Juntavam-se todos. Tudo comia e tudo bebia. Também havia a missa mas era no Piódão. Davam lá o Menino Jesus a beijar, às pessoas. Ainda me lembro, eu era miúdo e eu ia lá. Nós íamos a pé. Às vezes a chover, muito frio e nós tínhamos de ir. Éramos obrigados a ir, não podíamos dizer que não.