Rapazes, rapazitos e homens

Eu fui para o Ribatejo com 12 anos. Fui lá fazer os 13 e os 14 anos. Depois fiquei até aos 17 anos em Chãs d'Égua, porque não havia quem contratasse a gente para ir para trabalhar. Nessa altura, era homem de perto de Alvoco de Várzeas. Vinha aí à procura de pessoal. Vinha em Agosto, princípio de Setembro. Aceitava rapazitos, rapazes mais criados e homens. Era tudo o que calhava. O primeiro trabalho que eu fiz, no Ribatejo, foi em proveito do Duque de Palmela, que era um duque de Lisboa, da Quinta da Lagoalva de Cima. Tinha vinhas e tinha muito azeite. Andávamos dois meses e tal a apanhar azeitona. O nosso rancho era de 48 pessoas. E andava outro rancho de 50, perto de Oliveira do Hospital, mas metade estava no lagar. E ainda havia o rancho de Albergaria, que é ali para baixo de Coimbra. Éramos todos a apanhar a azeitona. Então, lá estive dois anos seguidos. E depois fui outro ano para os campos do Carregado, de Vila Franca de Xira e Vila Nova da Rainha. Andámos ali naquelas zonas a trabalhar por conta de um Marquês, que havia ao pé do Carregado. De maneira que era trabalho de campo. Começávamos na vindima, depois a azeitona e a última coisa que fazíamos eram as ceifas do trigo.