“A gente nunca teve trabalhos de futuro”

Depois de já andarem os mineiros na Mina e de alguns homens da aldeia lá terem andado também, começaram então a sair. Estes que foram casando começaram a emigrar para Lisboa. Os meus irmãos, conforme começaram a crescer, também tiveram que ir ganhar alguma coisa. Foram arranjando cada um o seu emprego e assim foram indo com dificuldades, mas a vida depois já se modificou mais.

Eu também fui estar 16 meses em Lisboa. Trabalhava lá o meu marido e ainda tinha só um filho. Deixei as terras que cultivava e fui trabalhar para lá. Ainda estive também empregada. Mas depois a vida transtornou-se, transformou-se de outra maneira. O meu marido só tinha um irmão. Morreu. Estavam os meus sogros sozinhos na aldeia. Então, o meu marido disse:

- “Estão lá os meus pais sozinhos com o desgosto, porque morreu o meu irmão. Tenho tanto trabalho. A ver se vais.”

Custou-me, mas vim para a terra. Tive que voltar e começar outra vez de novo depois de um ano e quatro meses que estive em Lisboa.