“O padre não deixava dançar”

Todos os anos, nos dias 22, 23 e 24 de Agosto, temos cá os nossos santos e fazem procissão com música. Às vezes calha mais tarde. Mas este ano calhou ainda cedo o dia. Fizeram a festa no dia 22, porque é sempre no último domingo de Agosto. Se não fosse, o pessoal que está de férias no mês de Agosto já não podia assistir à festa, porque vão logo pegar, vão para o emprego ao outro dia. O nosso padroeiro é São João Baptista. Mas também temos na capela o Sagrado Coração de Jesus, a Senhora de Fátima, a Senhora das Febres e a Santa Bárbara. É uma capela pequena, está enfeitada mais ou menos, mas precisa de obras.

Antigamente as festas eram mais ou menos como agora. Já contratavam a música e também já faziam procissão. Guardavam o dia aos santos, mas não havia bailes. O padre não deixava dançar! E depois os homens, como o padre não queria - dizia que não vinha celebrar missa a Chãs d'Égua -, já não nos deixavam dançar. É, passei a minha mocidade assim: nós, as raparigas e alguns rapazes que nos queríamos divertir, tínhamos que andar às fugidas numa casa onde ninguém nos visse. E não havia maldades, mesmo nos rapazes. Parecia que era tudo uma família. Mas agora, já há muitos anos, que mandam vir conjuntos e fazem bailes. Ainda agora, todos os dias da festa, esteve um conjunto e veio também um rancho folclórico. Aqueles dias são divertidos.

Em Chãs d'Égua as festas também são muito convividas. Anda o forno sempre a trabalhar a fazerem bolos e a assarem carnes. Embora agora seja diferente, porque temos outras condições, a respeito de comida é tudo mais ou menos igual. Já matavam cabras, ovelhas ou que quisessem para aquele dia. Toda a gente tinha uns tachos grandes de carne no forno. Também coziam broa de milho e centeio e faziam bolos e muitos doces, arroz doce e tigelada. Agora já não faço, que não tenho capacidade, mas ainda sei como se faz a tigelada. Era com leite, ovos, uma pedrinha de sal, coisa pouca, e um bocadinho de limão. Um litro de leite leva uns tantos ovos. E em tantos ovos bota-se uma colherinha de açúcar ou se for mais. Depois aquilo é tudo batido e fica bom.