“Era o meu pai sozinho a ganhar para nós todos”

O meu pai era José Moreira. Acrescentavam Júnior por causa de haver na aldeia mais nomes iguais. Mas depois, por resto, parece que já tinham desaparecido os outros nomes, já tinham morrido, era só José Moreira. A minha mãe também era só Ana dos Anjos. Éramos uma família muito numerosa. Com os meus pais e oito filhos, éramos dez pessoas na casa. E, naquele tempo, era o meu pai sozinho a ganhar para nós todos. Não havia abonos de família, não havia nada. E, como éramos ainda todos pequenos, era preciso o vestir e o calçar. Então, o meu pai tinha dois machos e ia carregar vinho ao concelho, de Seia e à ribeira da Aldeia das Dez que acho que pertence para Oliveira do Hospital. Ia com os machos carregados, por aquelas barrocas fora e por essas serras, e ia levar à Beira Baixa onde se chamava Cebola (hoje é São Jorge da Beira).

Dos meus irmãos eu era a mais velha. Chegado a mim estava o António Moreira, que já faleceu, vai fazer agora dois anos para o Natal. Depois estava o outro irmão, era Adelino Moreira. Era uma irmã, Maria dos Anjos, era a Alzira dos Anjos, que depois assinou Moreira, e era ainda a Silvina dos Anjos, que agora acho que assinou o nome do marido, mas naquele tempo era só Silvina dos Anjos. Depois era o José dos Anjos Moreira e o mais novo é Manel, Manuel Moreira só.