“Ficou o nome de galinheiras”

Fui servir dos 13 anos até aos 15. Estava na cozinha a ajudar a cozinheira. Ia apanhar, às vezes, hortaliça à quinta onde trabalhava e ajudava a cozinheira a lavar a louça e a arranjar batatas. Essas coisas assim.

Depois dos 15 anos, vim para casa trabalhar. Arranjaram-me uma venda de ovos. Ia comprar ovos por aí abaixo com uma cesta, para a Vide. A pé! Às segundas e às quartas-feiras, íamos para a Covilhã, vender. A pé daqui para a Covilhã! Eram dois dias: um para lá chegar e outro para voltar. Tínhamos lá um freguês, um senhor que tinha uma pastelaria. Dormíamos lá. Ao outro dia de manhã, as senhoras chamavam-nos e vínhamos embora para casa outra vez. Chamavam-nos galinheiras, mas eu nunca levei galinhas. Levei sempre ovos. No antigamente, levavam galinhas. Por isso, ficou o nome de galinheiras. Eu era uma delas. Andei nisso sete anos.