O impacto dos serviços básicos

No outro tempo, havia além daquele lado, no Torno, umas casas que chamam as Casas Piódão. Havia lá uns senhores, que traziam aí umas éguas a pastar. Aqui, eram os chãos e aqui em cima há uma assentada a que chamam a Chã. Por isso, ficou os Chãs d'Égua. É o que oiço dizer. Não sei bem explicar, mas era assim. Além, eram as pastagens das éguas e aqui, era o chão d'égua.

As paisagens eram diferentes. Agora, está tudo ardido. Estas encostas aqui era tudo centeio. Tudo com aquele restolho. Cortavam o centeio e ficava aquela parte por baixo. Não havia giestas, não havia mato, era tudo campo. Tudo cultivado. Agora é floresta. Está tudo abandonado. Já nem há vindimas. Vem aí uma meia dúzia de homens, cortar as uvas, mas aqui agora há poucas videiras. As pessoas que cá foram criadas, como eu, já não podem andar a trabalhar e a gente nova não vem para aqui. Só se realmente houvesse outra maneira de viver, uma maneira de haver uns transportes, de haver um supermercado, de haver melhores estradas. A pousada é para as pessoas que podem ir para lá. É bom talvez no Piódão, agora aqui não.

Gostava que houvesse aqui um supermercado. Quando a gente vem, tem que trazer tudo. Praticamente, temos de ter tudo nos frigoríficos. Se aqui houvesse um supermercado, onde se pudesse ir aviar, como nestas terras por aqui fora, até as pessoas da nossa idade, que estão reformadas, estavam aqui mais tempo. Assim, não.

Gostava que houvesse uma maneira de transporte, porque há pessoas que vivem cá e só têm um médico uma vez por mês. Tem que haver alguém que vá aviar as receitas, porque para se deslocarem é muito caro. Para apanharem uma injecção ou fazerem um exame têm que ir a Arganil ou a Coimbra. Se houvesse aqui um transporte, já facilitava muito às pessoas que cá estão e até mesmo àquelas que cá vêm. Precisavam das estradas arranjadinhas, também. Gostava que arranjassem a estrada como deve ser. Nós temos carro, mas o meu marido já não pode conduzir. Quando a gente tinha carro, ia a Oliveira, ia a Arganil, ia por aí abaixo, e agora não. Agora não temos um transporte para a gente se deslocar. Se houvesse cá uma boa estrada que passasse aqui, um transporte diário ou um supermercadozinho onde as pessoas pudessem ir, acho que era muito bom.