Festas especiais para cantar e encantar

Agora, o Natal já é assim um pouco diferente... Já cá não estou há muito tempo, mas dantes iam buscar lenha, cepos muito grandes e punham a arder. Andavam ali dois ou três dias a arder. Depois, está claro, as pessoas também festejavam. Faziam filhós, cantava-se nas cozinhas e nas ruas, o Menino Jesus e tal. Mas nessa altura, ainda não havia possibilidades para prendas.

As Janeiras era assim: andavam pelas portas, cantavam e davam-lhes, às vezes, umas chouriças dos fumeiros e mais umas coisas. Nessa altura ainda havia fumeiros. Faziam um pau e penduravam a chouriça. Juntavam-se todos, fritavam tudo dentro de um tacho com pão e comiam. Depois, brincavam e havia bailaricos.

No Carnaval era mais paródia. Bailaricos e tal, isso assim.

Na Páscoa, ia-se à missa ao Piódão. No Domingo de Páscoa, toda a gente ia. Conversava-se, comungavam e depois cada qual ia para a sua casa. Vinha o padre à casa das pessoas com a Cruz, davam as boas-festas e recebiam o folar: ovos ou coisas assim, para ele levar. Agora já não é assim. Quem vem, não é o padre, que não pode. São os mordomos que andam de casa em casa com a Cruz. Ainda vão dar a beijar às pessoas. A gente põe dinheiro, num envelope, para o padre.