“Tomara cá a gente desse queijinho”

Com o leite, fazíamos o queijo. A gente ordenhava as cabras e as ovelhas. Chegávamos a casa, púnhamos um pano em cima duma panela e coávamos o leite. Trazia às vezes cabelos e sujidade. Punha-se-lhe um bocadinho de coalho e ia vendo. A gente tinha coalho dos cabritos. Era o estômago deles ainda antes de comerem. Estava limpinho, porque era só o leite. Era aquele leite seco. A gente desfazia num bocadinho de água numa tigelinha e punha-lho. Quando não tínhamos, era comprado na farmácia. Aqueles frasquinhos pequeninos. Um pó, um veneno qualquer. Quando o leite estivesse coalhado, quando já estivesse em massa rija, fazíamos o queijo.

Depois, comíamos e dávamos à família, quando vinham de Lisboa ou assim. Era bom! Tomara cá a gente desse queijinho. Não era queijo como agora a gente compra. O queijo de agora não vale nada. Nada! Não é o puro. Mas, pronto, a gente tem que o comprar se o quiser comer. Agora não o fazemos.