“Dormíamos dois a dois e, às vezes, três a três”

A minha casa era muito grande, só que não era bem arranjada. Era como as dos outros. Era o que se podia.

Por fora, era de xisto. Era toda feita em pedra. Por dentro, estava rebocada. Tinha dois andares. O sótão, dois andares e as lojas. A cozinha era no andar de cima. No fundo, eram as lojas, que era para a pessoa ter o vinho, as batatas e assim as coisitas. Os animais não ficavam connosco. A gente, onde tinha as terras, é que tinha as casitas para eles. O curral, o palheiro. Era onde eles ficavam. Em cima, era para a gente viver. Os quartos, a cozinha, a sala e para arrumação. Para nos arrumarmos todos. Dormíamos dois a dois e, às vezes, três a três. Os rapazes, às vezes, dormiam todos juntos. Nós éramos cinco. Ora, com o dos meus pais, seis. A casa não tinha seis quartos. Tinha quatro, cinco. Às vezes, ficava uma cama vazia e eles queriam dormir uns com os outros, quando era no Inverno. Era para andarem na brincadeira e para dormirem mais quentes.

Quando o meu pai faleceu, há 16 anos, dois irmãos meus ficaram com a casa. Um foi o que faleceu, o mais novo. Estava na Venezuela. A outra foi a minha irmã. Depois, mandaram-na arranjar. Deitaram-na abaixo e voltaram-na a fazer toda em pedra, em xisto. É o moderno agora.