Tempos que não voltam

Vinha o Natal, ainda era uma paródia, que os rapazes juntavam-se e iam fazer uma fogueira grande lá num largo em baixo.

No São João, iam enfeitar a fonte e queimavam o pinheiro do gato. Os homens juntavam-se, enfeitavam um pinheiro com palha, punham lá um gato na ponta e botavam lume ao pinheiro. Ardia a palha toda e o gato, assim que o lume chegava lá ao cimo, para o chão. O gato fugia e o pessoal ficava-se a rir. Depois, passavam lá a noite. Ainda era uma paródia.

Na Páscoa, andava o padre a dar a volta às casas e davam as boas-festas. Botava água benta com a caldeirinha e cumprimentava as pessoas. Às vezes, punham qualquer coisa de cima da mesa para ele levar. Naquele tempo, levantavam os queijos e punham lá também o vinho se alguns queriam beber. Mas eles, às vezes, nem bebiam senão, iam bêbedos. Agora também vão levar a Cruz quando é pela Páscoa. Vêm dar a volta a todas as casas. Mas já nem vai o padre. Vai um homem qualquer. O padre diz que não pode.

O dia da malha do centeio também era giro. Às vezes, eram 12 homens a malhar lá na eira. Depois, à noite, juntava-se o pessoal para nos limparem o centeio. Faziam também uma paródia lá todos.

Ainda tenho saudades daqueles tempos. Mas agora, já lá vai, já não volta. Agora, não há mocidade.