“Cada um ia com a roupa que podia”

Foi em Fevereiro que me casei, mas já não me lembro a quantos é que foi. Tinha 26 anos. Levei uma blusa, um casaco e uma saia. O fato era castanho e a blusa era branca. O meu marido levava um fato preto com uma camisa branca, também. Agora, fazem uma noiva. Mas, naquele tempo, não havia como agora. Cada um ia com a roupa que podia. E só fizéramos um almoço com a família. Comeu-se carne e batatas e era arroz-doce, filhós e tigelada. A tigelada é com ovos, leite e açúcar. A gente bate os ovos com açúcar e leite e depois vai ao forno nuns caçoilos. Mais nada.

Ainda passou de 50 e tal anos que estivemos casados, que as minhas filhas ainda fizeram bodas de ouro. Mas já não me lembra os anos que foi. O meu marido começou-se a entrevar, andou muito doente. Já há oito anos que estou viúva. É assim a vida.