“Uma casa pequenininha”

Era uma casa pequenininha, tinha só dois quartos. Os meus pais dormiam num e nós dormíamos noutro. Dormíamos todas três, eu com as minhas irmãs. E o meu irmão dormia no outro sótão, por cima. Sabe Deus como a gente se viu criar. Não tinha casa de banho. Era para uns bacios. E ao outro dia tínhamos que ir despejá-los. Para tomar banho era numa bacia, que a gente se lavava. Era, não havia como há agora. Agora, eu tenho ali um polibã. E em primeiro era numa bacia que a gente se lavava. Lava-se esta, lava-se aquela e era assim que a gente tinha que fazer. Estava a nevar e tínhamos que ir debaixo de neve “pia além” para irmos fazer o que tínhamos a fazer. Debaixo de neve e ela a cair por cima da gente. Era muito duro. A cozinha era por cima, tudo farrusco. Acendiam o lume no chão, e depois ele ia pela casa toda. Estava tudo cheio de fumo. Não havia fogões, depois é que começaram a usar os fogões pequenos. Tínhamos que os ir buscar para os lados de Cebola. Eu nunca lá fui. Aqueles fogões pequenos e já eram melhores, já não botavam o fumo para fora. Mas primeiro as casas metiam nojo.