“Era uma miséria mas tão alegre!”

A minha casa era ampla, tinha duas salas para um lado e duas para o outro. E dois quartos em cima. Era a minha casa. Chegáramos a estar todos em casa. Até tínhamos umas camas adiante. Tínhamos duas camas em carreira, onde dormiam as raparigas, na sala. Nós éramos nove. Um é que já morreu. Ficavam os rapazes de um lado e as raparigas do outro. E alguns iam dormir na outra casa. Tínhamos um quarto ou dois nessa casa. A cozinha era mais baixa do que a casa. Não tínhamos casa de banho, íamos ao barroco. Depois os meus irmãos fizeram uma casita por baixo, por baixo do forno. E os mais era tudo na mesma. Era uma miséria! Mas era um tempo tão alegre. Tomávamos banho numas bacias. Quando queríamos tomar uma vinha para a loja, para baixo, outra ia para a da lenha, cada uma ia para seu lado. E não tínhamos água em casa. A água que está em casa era da nossa. Íamos buscar à fonte. Trazíamos nuns cântaros de barro primeiro.