“Também se fazia azeite”

Também se fazia azeite. Tinha e tenho as oliveiras no Sobral Gordo. Tenho uma quantidade delas. Quando eu era pequena o lagar era nas Casarias, numa terra que pertence à freguesia da Moura. E depois mais tarde já era ao pé de Pomares, e também havia na portela da Cerdeira. Também ia para lá a nossa azeitona, quando a gente a apanhava. Agora já há anos que a gente não a apanha. Lá se perde tudo. Porque eu e a minha irmã sozinhas não dá para ir apanhar. Para estar a chamar pessoas, não há quem e é dispendioso. Tenho família mas também não podem deixar os empregos para ir apanhar a azeitona. Primeiro a gente até ajudava uns aos outros:

- “Olha agora vamos apanhar a minha que está mais madura e depois vamos apanhar a tua.”

Outros falava-se e ia-se ajudar a apanhar para ganhar algum dinheirito. Mas isso agora já não há assim. Já não compensa. A azeitona que a gente tem, se a fosse a dar às pessoas não chegava para lhes pagar os ordenados. Por isso é que fica.