“Era um dia diferente”

A festa era gira, com muita gente. Era durante dois, três dias. Vinham sempre uns conjuntos, o pessoal dançava, brincava, tinham os jogos tradicionais que eram a malha, os matraquilhos... Às vezes, tinha o puxar a corda. Tínhamos o pau, metiam sabão para uma pessoa ir pelo pau a fora e quem escorregasse, perdia. Estes jogos tradicionais.

Na altura, faziam a missa ao domingo em louvor da padroeira. Havia anos que havia procissão, havia anos que não havia. Não havia pessoal e, às vezes, as pessoas:

- “Ah, e tal a procissão é de noite, depois uma pessoa pode cair e é sempre chato...”

Deixaram de fazer. Na procissão ia o Santo António, a Nossa Senhora da Assunção, a Nossa Senhora de Fátima, a Nossa Senhora dos Remédios e acho que era a Nossa Senhora da Saúde. A padroeira é Nossa Senhora da Assunção. Saía-se da capela, dava-se a volta à povoação e voltava-se outra vez para a capela. Demorava uma horita, mais ou menos. Não chegava a um quilómetro.

Na altura da festa era um dia diferente. As pessoas vestiam-se diferente, o pessoal já não ia trabalhar para a fazenda, só iam tratar dos animais se fosse preciso. Os animais em vez de ir para a rua, ficavam na loja, dava-se-lhe o comer e voltavam para a aldeia para acompanhar os festejos.