Sempre a cuidar do pai

Estive 26 anos na casa dos meus pais. Naquele tempo a casa era tudo preto do fumo. Uma casa sempre pobrezinha. Ainda hoje a minha casa é pobrezinha. Não era só naquele tempo. Mas vai-se vivendo. Eu fui o número 12. Só conheci nove irmãos. Não foi fácil. A minha casa, onde eu me criei, eram só dois quartos para tanta gente. Claro, também não chegaram a estar ali os 12 filhos. Alguns faleceram. Eu fui a última. Mesmo na minha lembrança, já nem os nove lá estávamos. Mas depois acontece que a minha mãe faleceu. Eu tinha 8 anos. Fiquei eu, duas irmãs, dois irmãos e o meu pai. Os meus irmãos também saíram os dois. Os mais velhos tomaram conta deles. Uma irmã casou, e ficou a outra mais o meu pai. Ao fim éramos três pessoas praticamente. Depois, por fim, eu fiquei com o meu pai dez anos. Eu com ele só. Eu na altura que fiquei com o meu pai tinha 15 anos. Depois, o meu marido lá me conseguiu enganar e eu vim para a Mourísia. O meu pai ficou lá.