Abílio Nunes e Gracinda dos Anjos

O meu pai era Abílio Nunes, a minha mãe Gracinda dos Anjos. Eram dos Parrozelos.

O meu pai trabalhava na arte de compor os chapéus. Chamavam chapeleiro. Era a profissão dele. Andava de terra em terra a arranjar os chapéus. Estavam estragados. O vento escangalhava os chapéus e ele arranjava-os. Naquele tempo partia-se um prato ou uma peça de louça em barro e ele metia-lhe gatos. Eram umas coisinhas de arame. Chamavam aquilo uns gatos. Tinham duas perninhas, faziam um furo na peça da loiça e punham aquilo. Chamava-se aquilo pegar a louça. Partia e colavam. Hoje utilizam a cola, mas naquele tempo era com aquilo que colavam a louça. Punham aqueles agrafos na louça quando ela partia. Mas naquele tempo não chamavam agrafos, eram gatos. Também trabalhou nos serviços florestais, na limpeza da floresta.

A minha mãe foi sempre doméstica. Sempre no campo. O trabalho do campo é cavar, sachar, plantar horta, semear batatas, semear feijão, couves. Naquele tempo tinham sempre animais. Cabras, ovelhas e, principalmente, porcos. Era a luta daquele tempo. Os animais era para fazerem parte da alimentação do dia-a-dia. Davam o leite e a criação, os cabritos. O leite até utiliza-se para fazer o queijo. Mesmo depois de fazer o queijo ainda se aproveita o leite, quem quer aproveitar.