A vida sem água

A água tinha que se ir à fonte buscar nos cântaros de barro. Quando me começa a lembrar, ainda não havia cântaros daqueles de plástico, era em cântaros de barro. Às vezes, lá ficavam partidos os cântaros, se batiam em algum lado.

Para regar os campos há as poças, há água de regadio. Naquele altura até havia mais água que agora. Sempre de corrente. Tinham, ainda hoje têm, o seu dia estipulado. Está dividido. Agora rega-se de dia. Ora, quando eu ainda me lembra, às vezes, até ia com o meu pai para o meio do milho, punha-me lá a dormir e ele lá andava a regar até às tantas da noite. As terras aqui na Mourísia, embora sejam pouco produtivas com pouca terra, estava tudo cultivado. Não havia nada de relva como agora há.