“Régua a trabalhar”

Andei na escola. Comecei a primeira classe na aldeia do Sobral Gordo. Até ao terceiro ano, terceira classe. Íamos fazer os exames a Pomares, porque a Mourísia pertencia, quando eu nasci, à freguesia de Pomares. Depois a quarta classe já foi feita na Moura e o exame foi em Arganil. Portanto, só andei quatro anos na escola.

Ia a pé ao vento e chuva, com uma capucha na cabeça e lá íamos todos contentes. Tinha umas botas. Quando chovia ficávamos todos molhados. Às vezes, pessoas amigas deixavam-nos enxugar nas suas casas que as escolas nem sequer tinham aquecimento. Não tinham condições.

Tínhamos que levar o almoço. Às vezes, legumes com pão ou uma marmitazita dentro com umas batatas, e, às vezes, tínhamos que comer frio. E assim se passava.

Demorava meia hora a chegar à escola, éramos muitos. Chegámos a andar acho que, no Sobral Gordo, alguns 12. Havia muita criança naquela altura. Os professores eram muito exigentes. Por exemplo, eu no Sobral Gordo andei com uma professora que era da minha família, era prima direita do meu pai, ela apertava muito com a gente. Aprendia-se mais até à quarta classe que agora até ao sétimo.

Quando a gente não fazia os trabalhos ou dava erros, era logo a régua a trabalhar. Até à terceira levei. Depois na quarta já não era tão complicado.