“Dizia que eu era a mais inteligente dos meus irmãos”

Eu lembra-me o meu irmão que veio a seguir a mim. Diz que eu já tinha 4 anos quando veio aquele irmão. Ora, se eu tinha 4 anos e os meus dois irmãos mais velhos já estavam a servir, quando ele nasceu, a minha mãe ia para o trabalho e deixava-mo no berço, na sala da casa. E mandava-mo embalar quando ele chorava. Deixava-me em casa e dizia:

- “Olha, embalas o menino. Não o deixes chorar.”

E eu já ficava a tomar conta dele e já o embalava. Não tenho ideia. Era tão pequenina que nem me lembra se eu lhe mudava ou punha-o enxuto quando ele fazia chichi, se não. Isso não me lembra. Mas sei que já tomava conta dele e a minha mãe já ia. Já confiava em mim. Dizia que eu era a mais inteligente dos meus irmãos, que os que os outros se esqueciam. Eu realmente não deixava chorar o menino.

A seguir àquele irmão, veio outro. Não me lembra o tempo que foi. Não me lembra, porque esse rapaz depois morreu com 7 anos e não tenho ideia nenhuma da minha mãe me contar que diferença ele tinha do meu irmão que tinha diferença de mim de quatro anos. Então, eu já ficava com os dois em casa, com o de 4 que nasceu a seguir a mim mais o outro que veio mais novo.