Lembra-me do tempo que havia bailes. Chegou a haver dois bailes nesta terra. Fizeram dois partidos e dançavam muito naquele tempo, que havia aí muita juventude. No tempo do Carnaval, era quando dançavam mais. Era todos os dias. Era um rancho. De noite faziam-no aí encostados às casas e de dia faziam na rua. Aqui à minha frente, dançaram muito com uma harmónica e uma guitarra.
Mas eu nunca fui, porque não me deixavam. Nunca aprendi a ler, nunca aprendi a dançar. Os meus padrinhos eram muito rigorosos nisso. Todas as raparigas iam. Eu ia só, às vezes, ver um bocadito, mas era de fugida. Só ver.
Mas depois a juventude começou-se a ir embora. Agora não há. Já há muitos anos que não fazem bailes cá.