“Até acho bonito”

Eu acho bom falarem com os mais velhos para saber como se vivia antigamente. Até acho bonito. Só penso que é bom para quem sabe falar, para quem estudou, que sabe usar as palavras certas. Agora, uma pessoa como eu não tem graça. Não tem graça, porque eu não aprendi a escrever, não aprendi a ler. Aprendi a falar como ouvia falar aos meus pais, aos meus familiares, aos meus vizinhos, colegas, com quem convivia. Falo de qualquer maneira. Não sei falar. É só isso é que eu não acho assim tão bem. A pessoa não sabe, mas depois vai aprendendo. Ouve aqui, ouve ali, toma a pronúncia e aprende as palavras. Quem sabe falar e sabe dizer as coisas, fica tudo assim bem, tem graça. Agora quem não sabe, como eu, não tem graça. Eu gostava de ser hoje, de saber e de poder fixar as coisas no meu pensamento como era quando era pequena.