“Toda a gente teve que emigrar”

A partir aí de 1950, 1960, começou tudo a emigrar. Uns para Lisboa, outros para o estrangeiro, por um lado e por o outro, e assim foi desaparecendo a gente. Hoje não há por aí quase ninguém. Iam, porque aqui não havia dinheiro nem havia empregos. Era muito difícil. Naquele tempo, era tudo sete, oito, nove filhos. Por isso, aquela gente não tinha aí onde ganhar nada. Tudo emigrou. Nestas aldeias, neste fim de mundo, toda a gente teve que emigrar e ir desaparecendo daqui. Ninguém tinha emprego, só se governavam aí com o que cá tinham e quase que todos precisavam de dinheiro para comprar azeite e bacalhau ou vestuário e calçado. Aqui, as cabras e as ovelhas que tinham não davam bem para isso. Então, toda a gente tinha que emigrar nem que fosse só por três meses. Algumas pessoas iam para Lisboa fazer a época das sementeiras e isso. Estavam uns três meses e depois voltavam. Havia outros que iam para um lado e para o outro. Também, se hoje aí estivesse esse pessoal que hoje está espalhado pelo mundo, e que aqui foi criado, Deus me livre! Tinha que haver aí uma vila já grande com tanta gente.