“No tempo de Agosto, era lindo”

O milho era muito cultivado. Tudo isso que a gente aí vê, esses bocados por aí abaixo, no tempo de Agosto, com a bandeira, era lindo. Tudo verdinho. Havia para aí milho para o pessoal todo e para vender. Havia muito milho e muito centeio, que cultivavam e ainda vendiam. Quando o milho estava para ser colhido, iam cortá-lo, trazê-lo para casa e quebravam a espiga com aquela capa. À noite, tiravam a capa, punham para um molho para a debulha para depois malharem. Era no tempo dos serões, já mais para o Inverno. Os dias eram mais pequenos e as noites maiores. Todas as famílias tinham muitas debulhas. A gente fazia o nosso serão e se estava aí um vizinho ainda íamos dar uma ajuda. Algum que não tinha debulha, um dia, ainda ia ajudar ao vizinho. Faziam os serões a debulharem o milho, a escarapelarem, a tirarem-lhe a capa. Lá se juntavam como podiam. Sempre iam conversando e contando algumas anedotas e assim iam passando o tempo. Depois, a quem aparecia a espiga vermelha, tinha que dar um abraço à malta que estava. Lá se divertiam um pouco, mas era muito trabalho e pouco divertido. De dia, a trabalharem para o trazerem para casa, à noite, para fazerem este trabalho. Era trabalhoso para se sobreviver aqui.