“Tinha que se pedir ao pai se dava a rapariga ou não”

A minha mulher esteve lá na minha terra, nas Meãs. Tinha um primo, que era alfaiate. Montaram lá uma alfaiataria. Depois, ela foi para lá mais outra prima aprender a costura, a trabalhar. E eu conheci-a lá. Ela era da família de lá e, é claro. Escolhi-a, porque gostei dela. Pedi-lhe namoro. Quem é que havia de ser? Então, as raparigas é que pediam namoro aos rapazes? Havia algumas que eram. Ela disse-me que sim. Mas, no fim de se pedir, tinha que se pedir ao pai se dava a rapariga ou não. Se ele dizia que dava, dava. Se dizia que não dava, não dava. Podia-se namorar contra a vontade dos pais, mas já era chato. E depois, claro, não ficávamos sozinhos.

Depois, ela veio para a Mourísia que era a terra dela. A primeira vez que cá vim, cheguei, ela tinha ido para a missa e eu esperei lá no largo. Quando ela veio, é que comecei a conversar com ela. Todos os domingos vinha para aí. Vinha ao sábado. Dormia cá ao sábado à noite. E ao domingo à noite, ia para além, para a minha terra, para a gente ir trabalhar na segunda-feira.