A velhice

Eu agora, com a idade que já tenho, é o carinhozinho dos filhos e eu gostava de estar acompanhado. Acompanhado está-se sempre melhor. Passa-se melhor o tempo, passa-se melhor tudo. Mas aqui na Mourísia tenho que estar entre meio duas paredes. A minha sorte é assim. Foi por isso que eu me esbarrei mais para cá. Vou um bocadinho à casa do povo. Vou um bocadinho até ao campo, converso com essas pessoas que andam por aí, as pessoas conversam comigo e passa-se o tempo. Eu vou à casa do povo, todos os dias, vamos à noute, bebemos o cafezito. No Verão ou quando as pessoas vêm de férias ou que há mais gente, também abrimos ao meio-dia. No Inverno ao meio-dia não adianta abrir por só quatro ou cinco bicas. À noite é que tem que abrir por causa dos dias que temos pão e sempre estamos ali entretidos um bocadinho. A partir daí, não temos outro meio de mais nada aqui. Nós queremos ver uma coisa qualquer, temos de ir Côja, temos de ir a Arganil. E assim vamos passando a nossa velhice.