“Sempre uma guarda ao pé”

Conheci a minha mulher na Mourísia. Comecei a engraçar com a moça e a moça deu em gostar de mim. Houve muitas vezes que eu ia para casa dela fazer qualquer coisita. Ia só a minha casa, por exemplo, dizer ao meu pai e à minha mãe:

- Olha eu como lá.

Comia lá. A comida lá era um bocadinho diferente. Era um bocadinho melhor. Então, daí é que a coisa mais ou menos começou.

Namorámos para aí um ano, um ano e tal. Se calhar nem tanto. Os namoros era: a gente estava ao pé de uma moça, mas tinha sempre uma guarda ao pé, praticamente. A minha sogra, alguma vez ela se desviava dali do pé da gente? Está bem, está! Nós íamos até à sala, os dois, ela ia logo atrás da gente. Isso passou-se comigo e com a minha falecida mulher. Nós estávamos na sala, estávamos os dois na janela e há sempre aquela brincadeira. Já não havia problemas. Já tínhamos tudo tratado, já tínhamos ido comprar a roupa e tudo. Ela viu que nós fôramos para a sala, mas que demoráramos mais tempo do que o que havia de ser, foi logo lá ter com a gente. Era assim. A gente se íamos para qualquer lado, guardar o gadito ou isto ou aquilo:

- “Vá! É preciso ver. Vão os dois vão, mas é preciso ver como é que se portam.”

A minha sogra era assim.