“Não tinha força para pegar no machado”

Vim para Pai das Donas com 10 anos. Houve um senhor que casou com uma viúva, numa terra que é as Luadas. Pertence à Benfeita. Ela tinha resina e o meu pai veio para resineiro, trabalhar para esse homem. Depois havia na Benfeita mais fazendas e eram mais produtivas que nós lá em Alvôco. Viemos para uma fazenda. Vim cá fazer 10 anos. Depois fiquei a trabalhar para ajudar a minha mãe. Era a carregar cestos de terra às costas. Isto é tudo ladeira. Tinha que se trazer do fundo para cima, para se puder cavar por baixo. Roçar mato para os animais, cuidar dos animais.

Quando para cá vim, já não havia resina. Nessa altura andei com um senhor aqui da Benfeita a rachar lenha. Daquelas de lenha a metro. Era um com um machado de um lado, outro do outro. Eu não tinha força para pegar no machado, para ajudar o meu pai. Mas lá tinha que ir devagar para o ajudar. Para se ganhar alguma coisa para se comer.

E íamos trabalhar nos serviços florestais. Mas os serviços florestais era umas verbas que tinha. Quando acabava a verba, o pessoal ia para casa.