A casinha

Eu em Lisboa foi sempre no duro. A minha vida foi sempre nas obras, sempre. Quando eu fui para Lisboa, a minha mulher na altura ficou na Mourísia. Assim que lá arranjei uma casinha, é que então a mulher foi. Esteve a morar também um tempo com uma cunhada minha, que era irmã dela, num quartozito. Depois então a Câmara de Almada fez uns bairrozinhos, umas casas e era conforme as pessoas que nós tínhamos, por exemplo: um filho e uma filha já tinham que ser dois quartinhos. Não podia dormir o irmão com a irmã. Eu por exemplo, como era só o rapaz, deram-me dois quartinhos. A sala era metade em tacos, como antigamente se usava em tacos de madeira, e outra parte em mosaico. E ali fôramos vivendo. Eu mais a minha falecida mulher, assim que o meu filho se casou, nós viéramos para a Mourísia. Tínhamos aqui uma casinha. Não estava arranjadinha como agora, mas vivíamos melhor do que quando eu me criei, e ele ficou lá a morar. Mas ele daí começou a ver que aquilo não era casa para ele. E não. Lá pensou em comprar um andar. Comprou um andarzinho e lá o vai pagando, se não estiver já pago.