“Não era como agora”

A gente fôramos recebidos já na Moura da Serra. Fomos a pé, era pertinho. Até foi com o padre que lá está agora e tudo. A roupa não era uma coisa como agora. Era um fatozito como se podia. O copo de água não era um copo de água como agora. Isto agora por mais pobre que seja, Jesus! Trazia-se muito gado. Antigamente cá nos nossos sítios, nestas aldeias era assim. Depois é que se deram lá nessas opiniões de ter um copo de água, de irem receber a tal parte assim, assim, depois no restaurante tal. Até há umas quintas próprias para aquilo. O que é que era naquele tempo? Matava-se uma cabra ou uma ovelha, uma rês ou duas. Assava-se aquilo no forno, nesses fornos que ainda há muitos, com batata assada. Um bocadinho de arroz, um bocadinho de tigelada e era assim que se fazia um casamento. Comia-se e bebia-se e pronto. Agora não. É quase uma fortuna que se gasta hoje.