“Cheirinho do pão”

No tempo que eu andava na escola fazíamos muito mais coisas. Como por exemplo, o meu avô, pai do meu pai, com o meu pai e um tio meu, tinham uma taberna. Então, quem é que ia buscar o pão para a taberna, para venderem? Era eu é que ia buscar o pão. Ia buscar lá acima à Seta Cimeira. Mas eu era pequenina ainda. Era um padeiro que vinha do Piódão. Tinha lá uma padaria, fabricava-o lá e depois vinha com um burro vendê-lo por aí aquém. Então ele passava lá em cima na Seta Cimeira e eu ia lá pelo pinhal fora. Havia um caminho que ia direito lá em cima. Quando era no Verão que estava aquele calor, dava-me aquele cheirinho do pão, um saco grande cheio. Eu dava-me aquele cheirinho do pão, ai sabia-me tão bem! Mas não lhe podia tocar. Eu não podia tocar no pão. Apetecia-me comê-lo, mas eu não o comia. Chegava a casa, mas não me davam nada. Não se comia pão. Não se comia trigo. Era assim.