“Exame debaixo do castanheiro”

Eu andei na escola mas a professora vinha e depois voltava e já não vinha. Estávamos anos sem professora. Elas vinham, ora não vinham. A gente queria era brincadeira. Por isso é que eu até escrevo mal, mas ainda leio um bocadinho. Já esqueci o que sabia. A escola era na minha terra. Mas a professora vinha fazer o exame aos Cepos. Ainda me recordo disso. Fiz o exame nos Cepos. Fôramos a pé. Fizéramos o exame, a professora estava lá e depois comêramos o lanche, debaixo de um castanheiro. Lembro-me disto. Estava muito calor e comêramos o lanche debaixo de um castanheiro. Passei para a segunda classe.

Antes de ir para a escola lembro-me a minha mãe mandar-me ao mato primeiro. Nós entrávamos às nove, a escola ainda era um bocadinho retirada do povo, e a minha mãe mandava-me ir ao mato primeiro. Eu ia ao mato, depois, às vezes lá iam para a escola e eu ainda ia com um molho de mato às costas, quando, às vezes, já estavam nas aulas. Depois ia para a escola, vínhamos almoçar e tornávamos a voltar e saíamos às três horas. Quando saía da escola, a gente havia de estudar como agora estudam, não queríamos saber de estudar. Íamos para as cabritas e brincar com os outros. Íamos para a estrada com elas. Aos três e aos quatro. Nas serras, por cima nas serras, com rebanhos de gado que a gente tínhamos. Estudávamos também, mas mal.