“O tempo não volta para trás”

Tradição era quando eu era mais novo. Tinha 19, 20 anos. Juntávamo-nos e andávamos como as bruxas de terra em terra pelos bailes. Saíamos da nossa terra para a terra dos outros. Atravessar montes e oiteiro. Íamos dois ou três para uma terra. Não nos cheirava lá o baile íamos para a outra. Andávamos assim nessa vida. As raparigas também não queriam dançar com os da terra. A gente dizia: “Santos ao pé da porta não faziam milagres”. Só queriam dançar com os de fora. Fartas de ver os da terra, andavam elas. Viam-nos todos os dias. Antes queriam dançar com os que vinham de fora, que queriam dançar com os da terra. E a gente íamos para fora, para outras terras. Dançar com as outras meninas. Era uma paródia. Às vezes, havia um mais maluco, por causa de uma rapariga armavam uma desordem no baile. Porrada uns com os outros. Havia muitos desordeiros. Havia de tudo como hoje há. Tinha-se saúde. Eu chegava de manhã dos bailes e no caminho encontrava o meu falecido pai que já ia com o cestito na mão para ir ganhar o dia na floresta. Já para o trabalho. Eu ainda vinha, chegava a casa mudava de fato, agarrava no cesto e ia pegar ao serviço aquando ele. Toda a noute andávamos na vadiagem. Era tempo. Para nós era, que tínhamos mais saúde. Agora... o tempo não volta para trás.

Houve dois ranchos na Benfeita. Houve um já há muitos anos. Há mais de 50 anos. Era o Rancho do Manjerico. Houve um mais tarde, ainda há poucos anos. A minha filha que está na Alemanha e o meu filho mais novo ainda andaram neste rancho. Depois acabou tudo.