“Debaixo de olho dos pais”

O meu marido morava ao pé da Casa do Povo. Às vezes, até íamos mais raparigas ajudar a sachar, a enleirar e a fazer o que lá tinham os pais dele, porque os filhos andavam a estudar, um para um lado, outro por outro. Depois, lá começáramos a namoriscar um com o outro. Namoráramos pouco tempo. Se namorássemos aí um ano, foi muito. Primeiro, iam-nos pedir aos pais. Depois, iam lá e estávamos a namorar em casa. Mas estava lá o meu pai e a minha mãe, também. Quando foi no meu tempo, os pais não os deixavam, não os largavam. Ai, ai! Tinha que me andar debaixo de olho dos pais. Nem nos deixavam ir para lado nenhum. Não se tinha ordem de andar. Só se fosse com outras raparigas. E as outras era também assim. Podia acontecer na mesma como eles quando casam, mas dava-nos uma tareia! Oh! Ah, ah!

Agora é pior que naquele tempo. Começam a namorar, vão para casa e coisa. Raro é aquela que namora que não vá... Oh, oh! Lá vão, às vezes, grávidas. Por isso, é que eu digo que agora vão para casa, deixam-nos sozinhos... Pronto. Casam-se hoje, amanhã separam-se.