“Se eu vinha a casa todos os dias não ganhava para o chinelo”

No fim de me achar bom continuei na construção civil, mas já andei numa companhia em que andei lá uns 30 e tal anos. Corri o mundo inteiro quase, na construção. Comecei em Góis na fábrica do papel, depois de lá fui para a Alhandra na mesma companhia. Depois da Alhandra vou fazer um silo para o trigo ao pé de Estremoz. Uns silos para o trigo altos com 25 metros de altura. Andei na construção e depois andei por outras obras que era na mesma companhia. E diversas. A última que andei foi em Coimbra.

Dormia lá. A companhia tinha casernas para dormir. Andei no Alentejo, eu sei lá, andei para lá de Lisboa. Se eu vinha a casa todos os dias não ganhava para o chinelo. Vinha algumas semanas a casa, isso vinha porque eles pagavam as viagens.

Na Panasqueira era outra companhia, mas depois é que passei para aquela companhia onde andei uns 30 e tal anos. É a companhia Engil. Começou aquela companhia por uma mulher chamada Engil. Quando eu lá andei, conheci lá 11 engenheiros. Só 11 engenheiros que andavam nas obras. Depois em Coimbra foi a última obra que lá andei. Tinha que me vir embora. Já tinha a idade. Ofereceram-me 300 contos para eu me vir embora. Eu já me queria vir embora sem vir aquela massa. Foi logo. Eu reformei-me depois de um ano que saí lá da companhia. Tinha 65.

Voltei para a Mourísia, para ao pé da companheira que era minha companheira há 50 anos. Agora já é há 55. Já fiz as bodas de ouro.