“A minha vida era ter que cavar a terra ao braço”

Quando era o tempo de se semear o que era preciso tinha que se ir cavar um bocado. Era aquilo que calhava. Até de noite. Não havia horário. Era até se ver. Também ganhava dinheiro. Tínhamos que trabalhar para a casa. Eram os filhos, eram os pais, toda a gente tinha que trabalhar. Fiquei aqui até aos 25. Casei-me, tinha que estar aqui sempre.

A minha vida era ter que cavar a terra ao braço. Tive uma burra. Por acaso não perdi nela. Até ainda ganhei. Não fazia nada. Amassava o estrume. Então, quando calhava lá ia. O que me interessava mais quando eu comprei a burra, era para lavrar a terra. Depois disso já tive três tractores.