“Andar ali de joelhos em cima dos grãos de milho”

A escola tinha umas carteiras seguidas. Quando entrei para lá, andávamos 38. Escrevíamos numas lousas de pedra que agora nem há disso. Numa pedra. A gente escrevia ali e apagava. Fazia mal tinha que apagar outra vez.

A professora até era boa. Ensinava bem a gente e tudo. Era boa professora. Nós éramos uns matulões, com 14 anos, com 15. Mesmo aos outros pequeninos, nunca lá vi bater. Dava-lhes era castigos. Ainda me lembro a uma rapariga, o castigo que lhe deu. Pôs-lhe lá um bocado de milho no chão e fê-la andar com os joelhos em cima daquilo. Aquilo magoa os joelhos. Os únicos que vi que ela fez lá foi a essa menina. Fazia uns castigos assim brutos. E elas tinham medo. Elas e eles. Com os joelhos tinha que andar a miudita ali em cima dos grãos de milho? De joelhos... Aquilo magoa. Daí por diante nunca mais fez castigos. Todas tinham medo de andar ali de joelhos em cima dos grãos de milho.