“Fui lá mesmo ter à terra dela”

A minha esposa chama-se Maria dos Anjos. Conheci-a já há muitos anos. Foi até cá na terra, na Mourísia. Ela primeiro não era de cá. Era do Tojo. Vi-a e engracei com ela. Perguntei o nome dela. Aquilo não foi rápido. Aquilo não foi filhós nenhuma que se virasse logo de um lado para o outro. Levou tempo. Já a tinha visto mais que uma vez e depois fui lá mesmo ter lá à terra dela. Não escrevi carta nenhuma. Fui lá. Não foi logo de propósito, mas foi quase. É verdade. Eu falei primeiro com os pais dela. Até fui aos pais para perguntar o nome dela, que era para lhe escrever, mas não lhe cheguei a escrever. Diz-me assim logo o pai:

- “Você vá lá, não vale a pena estar a escrever. Quero que você vá lá.”

E não escrevi. Não escrevêramos carta nenhuma um para o outro, nada. Pedi em casamento a ela. Os pais não mandavam nela nisso.